Organização. Essa é a palavra-chave para manter a saúde financeira pessoal e empresarial em dia, principalmente quando pensamos na facilidade que é misturar contas, boletos e receitas em um momento de aperto. Acaba não sendo de propósito, é claro, mas quando acontece, o discurso do empreendedor costuma ter um tom de otimismo que nem sempre é colocado em prática: “Depois eu reponho”. A verdade é que a equação não é tão simples assim. Separar as contas da empresa das contas pessoais é uma prática indispensável para não comprometer a contabilidade do negócio.
Em momentos difíceis e de crise é comum que aquela “escapadinha” seja tentadora para quitar algumas dívidas. Pode ser a mensalidade do colégio dos filhos ou o investimento naquele produto que pode agilizar a produção da empresa. Tanto na primeira situação, quando dinheiro da empresa acaba sendo usado para uma atividade pessoal, quanto no segundo caso, que é exatamente o contrário, o controle sobre ganhos e despesas fica comprometido.
Ao “emprestar” uma quantia da empresa para quitar alguma dívida pessoal, além de dever para a própria empresa você acaba perdendo o controle do orçamento mensal e o problema pode se agravar mês a mês. Quando você não controla o que gasta de acordo com seus ganhos pessoais, as contas podem acabar superando o dinheiro disponível. Por isso, não caia na tentação!
Mas não é só aquela escapadinha de dinheiro de um lado para outro que precisa ser evitado. Muito comum, a conta compartilhada entre os segmentos pessoal e empresarial é um verdadeiro desastre para a saúde financeira do seu negócio e da sua vida pessoal. Com o compartilhamento, uma tarefa rotineira e necessária, como o planejamento orçamentário, se torna impossível. Fuja dessa prática!
Além de questões de ordem prática e de organização, uma conta compartilhada fere o princípio contábil que prevê a separação de receitas e gastos das pessoas física e jurídica. Ou seja, além de prejudicar a visão sobre suas finanças pessoais e do seu negócio, essa prática pode trazer sérios problemas para o seu contador.
Defina o seu pró-labore e organize suas contas
Você deve estar pensando: “Tudo bem, eu quero organizar minhas contas e evitar dor de cabeça, mas o que, afinal, é esse tal pró-labore?”. Nós vamos explicar e, mais do que isso, mostrar como definir um pode ajudá-lo a organizar as finanças da empresa.
A expressão significa, literalmente, “pelo trabalho”. Ou seja, é a remuneração recebida por um administrador pelo trabalho que desempenha em sua empresa. Se a sua empresa possui três sócios e cada um de vocês é responsável por uma função administrativa, todos têm direito ao pró-labore. Mas atenção, o pró-labore é diferente da distribuição de lucros. Ele funciona mais como um “salário” para cada sócio que coloca a mão na massa no dia a dia da empresa.
E por que esse “salário” está entre aspas? Porque o pró-labore pode ser encarado, na prática, como um salário, mas sob o prisma das leis trabalhistas do Brasil ele é bem diferente de salário, pois não existem as obrigações, como há para os pagamentos efetuados aos empregados. Não existe qualquer obrigatoriedade a respeito de pagamentos como 13º salário, FGTS, férias, entre outros. Claro que o pró-labore pode incluir benefícios trabalhistas, mas neste caso a variável é o acordo entre empresa e administrador.
Assim como não determina o pagamento de benefícios trabalhistas aos administradores em caso de pagamento de pró-labore, a legislação brasileira não influencia quando o assunto são valores. Não existe qualquer ponto na lei que determine um valor mínimo ou até mesmo máximo para o pró-labore. Essa definição fica por conta dos sócios mesmo! Mas há uma questão que precisa ser levada em consideração no momento de decidir qual será o valor destinado ao pró-labore de cada um.
Apesar de não ter determinado valores ou a obrigação de pagamento de benefícios, o pró-labore também incide impostos específicos. Esses impostos variam de acordo com o regime tributário em que a empresa está inserida. Em termos gerais, são retidos 11% de INSS.
Para que o administrador tenha direito ao pró-labore, sua figura deve constar e estar devidamente especificada no contrato social da empresa, sendo possível definir uma ou mais pessoas como administradores.
Organize-se para separar as contas da empresa
Misturar as contas pessoais e da empresa pode gerar muitos problemas e dor de cabeça. Um dos principais é que você acaba perdendo totalmente o controle financeiro, não sabendo identificar o que é gasto pessoal e o que são gastos da empresa. O resultado? Ter uma visão distorcida dos resultados da empresa, planejar ações e tomar atitudes a partir de informações falsas que, no fim, são capazes de comprometer projetos importantes. Além de bagunçar completamente o fluxo de caixa e a contabilidade tributária.
Uma gestão desorganizada pode, ainda, causar impactos significativos nas finanças da empresa e nos planejamentos futuros. Outro problema consequente desse cruzamento de contas é a Receita Federal. Saques descontrolados sem o devido registro podem acabar caindo na malha fina, pois, sem o devido controle contábil, retiradas pessoais podem parecer sonegação fiscal e aí o problema será grande.
Bom, vimos que misturar a economia pessoal e empresarial não dá muito certo não é mesmo? Então, evite cair em grandes problemas até mesmo com a lei e mantenha as finanças pessoais e da empresa saudáveis e devidamente separadas. Para finalizar, vamos relembrar algumas dicas que podem ser muito úteis e respire aliviado com todas as contas em dia:
- Separe as contas pessoais das empresariais;
- Defina o pró-labore e faça dele sua retirada mensal da empresa;
- Estipule uma data de pagamento para o seu pró-labore;
- Nunca use o dinheiro em caixa da empresa para pagamento de contas pessoais.
Se você tem essa prática de misturar as contas e precisa de auxílio para ajustar a contabilidade da sua empresa e conviver melhor com os rendimentos que chegam até o seu negócio, entre em contato conosco! Podemos auxiliar neste processo e deixar as obrigações corporativas organizadas e em dia para que você comece uma nova etapa na administração de todas as suas finanças.
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